..."O Verão da minha Infância" - (As Amantes do Verão)
"Memórias do Carvoeiro"
"Nada como uma pausa, não pausa para um kit kat mas uma
pausa para “vaguear” por algumas das galerias de fotografia que visito,
chamam-me sempre à atenção as paisagens...há uma que tal como ontem prende o
meu olhar.
Nuvens de sonho contemplam um mar encantado, o branco das
casinhas em comunhão com tudo o resto...
A Praia do Carvoeiro.
Olho para a fotografia e deixo-me estar a contemplar,
quando leio o resumo: “Para ti amiga Maria Ferreira, espero que gostes.
Abraço”....Fiquei sem palavras, uma fotografia dedicada a mim pelo simples
facto de em comentário ter desabafado, que trazia ao de cima memórias da minha
infância.
Maria é um mundo de sentimentos e muitos dos que me lêem
seja através dos meus simples posts, seja através dos comentários deve saber
isso...o que sinto é o que escrevo, o que sinto é o que vem de dentro de
mim...Sou eu!
Aquela fotografia do Carvoeiro foi mais um desses
momentos de desabafo...estranho como tantos momentos e passagens ali vividos
desfilaram perante o meu olhar ao contemplar a foto.
Parece que vejo a avó Cristiana á janela a sorrir quando
ia-mos para a praia, quase que sinto o aveludado da sua pele o cheirinho a pó
de arroz, o som daquele sotaque algarvio num olá tão característico...saudade.
Era das coisas que eu mais gostava era chegar ao Algarve
sentir o cheiro das estevas, chegar a Lagoa e adivinhar que do outro lado do
cruzamento estava a estrada que levava lá...ia ver a avó e o avô do Algarve.
Ainda me lembro das últimas vezes que a Lena esteve lá na
casa do Carvoeiro o convívio e um fim de tarde em que ela descalça saltava á
corda...era tão linda a minha Lena, era ontem como é hoje.
Lembro-me das festas de verão no largo, os ranchos a
dançar o corridinho, ai o que eu gostava de ver e fingir que dançava, sim
porque naquela idade eram mais os pulinhos do que a dança.
A procissão que vinha da igreja, descia a rampa da Nossa
Senhora da Encarnação em direcção ao mar.
Tanta coisa boa...
Um certo dia numa das raras visitas á avó Cristiana, ela
disse-me “um dia quando a avó morrer vais ter com o tio Zé que ele tem um anel
para ti...” sempre soube que a minha avó tinha um carinho especial por mim e
esse dia acabou por acontecer, tendo sido até hoje o pior dia da minha vida.
Ela morreu sem nunca saber o motivo de revolta e de tão
má vivência do meu pai, eu vivo sem o saber e sei que vou morrer na ignorância.
Talvez por ela saber da minha revolta o seu carinho e
atenção fossem diferentes....
Hoje olho o meu anel de curso e vejo o seu nome...porque
sim eu foi ter com o Tio Zé que de lágrimas dos olhos me disse “ um dia a avó
disse que gostava que tu ficasses com uma recordação dela, resolvi esperar que terminasses o curso
para fazer a vontade da avó...” eu sei que ele aguardou pelo momento mais
indicado, porque sei que tinha de ser algo especial que marcasse a memória da
sua mãe.
O Carvoeiro sempre foi especial existe antes do meu Porto
Côvo, existe e é parte de uma outra vida.
No dia que a minha avó partiu eu disse para mim mesma que ia fechar
muitas portas e janelas...mas como tudo na vida por vezes vem uma rajada de
vento e abre essas mesmas portas e janelas.
Ao olhar aquele conjunto de fotografias veio-me á memória
muita coisas, alguma nostalgia muita saudade, mas tudo tem o seu tempo, o baú
abriu-se mas daqui a pouco volta a fechar-se até uma próxima oportunidade.
Aquela casa também é minha....sou uma dos três donos, mas não faço a mínima intenção de lá entrar....Prefiro
um dia passar lá e continuar a ver a avó Cristiana á janela, sentir o cheiro do póa de arroz no seu rosto, de pele macia, o cheiro da
maresia contemplar o mar....
O baú fecha-se, as memórias ficam".
O baú fecha-se, as memórias ficam".
Maria.
Beijo n´oteudoceolhar.
Ora muito bem, o Primeiro desafio de "As Amantes do Verão", para o primeiro dia do mês de Junho, seria um "O Verão da minha infância". Dos vários escolhi este pedacinho, que já lá vai mas ficam as memórias, bem hajam as mesmas.
Que seria do "ser" sem as suas memórias de ontem?
Nada no amanhã...
Divirtam-se e muito, tá visto que o verão promete. Música maestro!
"For a brand new day"...
9 Comentários:
Maria minha querida
Li e reli teu eu "chamaria-lhe desabafo", que muito me sensibilizou, porque revi-me em muitas das tuas frases, também eu tenho imensas saudades da minha avó materna que sua filha (minha mãe) me abandonou a quem eu aprendi a amar ao fim de trinta e muitos anos de sofrimento e revolta que ainda sinto, aminha avó morreu sem perdoar a filha, existem marcas que não vão desaparecer, apenas tento conseguir sobreviver com elas.
Também eu gosto e vou la algumas vezes ao Carvoeiro e a Porto Côvo, que frequentei centenas de vezes com o meu falecido marido, e agora com com o Rodrigo já foram algumas vezes também.
Sabes minha querida acho que é assim que a avó Cristiana iria querer que a recordasses à janela.
Adoro a música.
Bem-hajas Maria
Beijinho e uma flor
Linda Maria...
...somos feitas de sentimentos e palavras verdadeiras.
Guardadas no baú das lembranças...e de vez em quando é impossivél a gente não abri-lo...eu confesso que adoro abri-lo e ficar por momentos apenas recordando momentos vivências,maravilhosas.
Vou-te dizer que chorei com este teu post....fizeste-me recordar das pessoas que amo e já nao estáo fisicamente comigo.Dos meus avós eu pouco tenho lembranças,apenas do meu avô paterno.
Mas visualizei cada palavra tua.E...assim como tu....quase que consegui ver a avó Cristiana á janela...eu tambem fiz ferias uma vez na praia do Carvoeiro e sempre achei e acho um lugar magico,encantador.
Bom quanto ao teu desafio eu tenho uns Verões da minha infancia que ficaram para sempre guardados no meu coração.Vou escolher um deles para aceitar o teu desafio,para a semana.
Obrigada por este momento mágico.
Bjinho cheio de luar
Bela sua recordação...
Já fiz minha postagem hoje também
bjo.
filhadejose.blogspot.com
Eu é que sou assim mais preguiçosa.... Gosto de escrever mas só escrevo muito, quando estou mesmo mesmo muito inspirada.... Caso contrário, escrevo pouco. :)
Lindo o teu texto e a foto também... O Algarve também é uma das minhas recordações, mas nunca para o mesmo sitio, por isso não escolhi.
(Agora fui eu que me alonguei :) desculpa querida) :)
Beijinhos
Adorei o texto e a foto...
Passei umas férias de Verão em Lagos,
com a minha irmã...Ela tinha lá casa, que agora vendeu.
Agora fico por cá, pelo Norte..
Obrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta
Olá Tia.
Gostava de ter assim, disponibilidade de me abrir com lugares e paciência. Acredito que a Natureza, para nos compreender, precisa de ser compreendida. Assim como a vida. Mas esta agradece apenas se for sentida.
E nós sentimo-la e mesmo que façamos as paragens de kitkat, estamos sempre com ela. É nossa, somos dela.
Como do mar somos e ele é nosso, de peito e água de alma salgada.
Vim deixar-te um abraço, como não poderia deixar de ser, claro! E agradecer a tua amabilidade em ler e comentar-me durante todo este tempo!
Um beijinho deste sobrinho cheio de estima pela tia emprestada ♥
Doce olhar, podes por favor enviar um e-mail para mim??
(scarletredwoman@gmail.com)
Eu sei que parece tonto, mas preciso de confirmar o teu e-mail ;)
Olá Maria, gostei imenso de ler este teu texto tão sentido sobre os Verões da tua infância, passados no Algarve e mais que tudo, as marcas que a tua avó Cristiana de te deixou....
Já vai tão longe a infancia...mas as memórias , essas estão bem perto, bem presentes!
:)
Beijooooo.
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