A vida é aquilo que é...
Mentalmente já tinha escrito um texto para colocar, mas...(e como em tudo na vida há sempre um mas).
Hoje quando a Lena me ligou, disse "olha meti a gravar o Julio, tava a dar no jornal da tarde"
Nada demais ... Google it e RTP que se faz tarde.
Instala-se em mim um silêncio, e uns olhos "pregados" àquela imagem ..."aquele é o meu Julio?"
Rebobinando...
Sexta
Telefone
- a que horas te vou buscar?
-como é que sabias que te ia ligar.
-ora amanhã não é o concerto?
Amanhã é o concerto, 3 anos depois do último, último que eu dizia ser.
Que eu dizia que nunca mais o iria ver...
Considerei não ir ao último concerto, que segundo parece seria agora...uma coisa é certa nunca devemos dizer nunca.
Considerei não ir, para ir nem eu sei bem onde.
Mas considerei deixar de fazer algo que tanto gosto e por quem tenho tanta admiração...considerei.
Hoje agradeço ás "minhas" mulheres, agradeço a possibilidade de ter ido.
E agradeço a mim por ir ...
Desta vez o lugar não era suposto ser na plateia, não valia a pena.
Dirá quem ler e quem me conhece..."então mas afinal não gosta tanto a plateia é mais perto"
Lá está, há três anos, fotografei a pouco mais de 1 metro, olhei, e fixei cada ruga, cada olhar, cada passo dado com dificuldade ... fixei memorizei tudo, e hoje ainda me recordo de tudo isso.
Desta vez, o importante era assistir ao último concerto.
Não devemos dizer nunca ...
O dia começou, com chuva, correr para deixar a casa em ordem, sair e passear um pouco com o Tom, e depois ir trabalhar até ás 20, e correr para o Pavilhão Atlântico.
O céu em Lisboa parecia querer desabar, em água e trovoada, só me queria escapar daquele tempo e sentar-me á secretária...pensava "tou para ver se o avião não pode aterrar na portela".
Aterrou e eu "aterrei" no pavilhão Atlântico ás 21:40, levar um dia a correr e no fim, só soprava por todos os lados...estava como habitualmente uma "pilha" de nervos.
Ainda o Júlio não sonhava entrar em palco e a loucura cá fora era total ...gente de todas as idades, literalmente assim. Não eram só os "cotas", miúdas de vinte e poucos anos, trintas e por aí afora...
Instala-se a escuridão, e dá-se inicio ao concerto.
Lindo de ver, milhares de pessoas, a cantarem as musicas do José Cid, de cor, toda aquela gente sabia as letras das musicas... depois nova escuridão...
Perguntem-me o que aconteceu.
Não vale a pela de cabecinha erguida e sem vergonha de encarar o último dos meus ídolos do alto dos seus 67 anos, dos 300 milhões de discos vendidos, dos discos de ouro, platina e diamante, o artista que mais vendeu até hoje. Milhares de concertos por 27 países, falando 14 línguas.
Não tenho vergonha alguma...na escuridão, ainda bem antes chorava “copiosamente”, nada como um concerto para limpar a alma...e eis. Júlio entra ... loucura total.
Tudo de pé, tudo a bater palmas, de arrepiar, para quem gosta de espectáculos desta dimensão...eu confesso que adoro, sentir o calor humano, as palmas a emoção entre o artista e o seu público.
Mas eu olho, o meu ídolo... e dói-me a alma.
No trabalho, as "minhas" mulheres perguntavam se o concerto foi bom...
-querem que responda a verdade ou finja?
Fica tudo em stand-bay ...
-não foi um concerto bom, mas foi o concerto.
Rebobinando novamente.
-Meu Portugal querido, de tantos e tantos anos, de tanta tanta vida...
E eu choro ... o Júlio entra e mal consegue andar, encosta-se á coluna, e canta encostado ...doi.
É um misto de emoção, porque começa como uma das músicas que mais gosto "Quijote", e eu vejo-o tão frágil.
Desengane-se quem pensa ser eterno, quem pensa que vive para todo o sempre, pleno de sapiência e juventude, pleno da ilusão do estar só ... vejo tanto enquanto choro e vejo tanto enquanto o olho.
Mas Amei cada minuto, e Amei cada segundo...
Ternura de um "papa" como ele diz, que pela primeira vez leva ao palco dois dos seus três rapazinhos mais novos ... e eu chamei pela Miranda.
Acredito piamente naquele ar de paz, vestidos todos de branco em Punta Cana, acredito piamente naquele amor.
No aeroporto de Jacarta dizia Julio após ver Miranda passar "aquela mulher ainda vai ser minha", e 20 anos já se passaram e estão juntos... "no me importa lo que dicen las gentes..."
Um rei, ainda com trono que é hoje como será amanhã ETERNO...
Não voltará a haver um cantor (ou se quiserem encantador), como este, impossível. As gerações são demasiado "fúteis" e “básicas” para saber cantar (e até viver), o amor daquela forma.
Sentadinha no meu lugar vi tudo, vi que mais uma vez podia ter levado a maquina (levei mas não a minha), via os "canhões" passarem lá em baixo e pensava "caramba devia ter trazido a minha máquina, que raiva". Mas ficou a dormir em casa ... e ficou muito bem, porque hoje depois de ter visto a entrevista nos 30 minutos da RTP, e ficado chocada literalmente...prefiro ficar com a imagem que tinha.
Imagem de 2 concertos no Restelo, imagem de uma ida ao Herman Sic, onde ele me mandou um beijo, de uma ida a Portalegre sob uma noite fantástica de uma Lua cheia, onde ele olhou para mim, piscou o olho lançou-me um beijo e disse "eres guapissima". Imagem de um concerto no pavilhão Alântico grávida de 3 meses, tendo o bilhete há mais de 6 meses, não sonhando na altura que á data do concerto iria acompanhada. E deste concerto, que me satisfez quanto baste para continuar fã incondicional, para continuar a ter momentos em que só a música dele faz sentido ouvir, e pausas em que se vai ouvindo um pouco de tudo.
O Júlio Iglesias será sempre o Júlio Iglesias ....ÚNICO.
Hasta siempre, hombre... porque lá vida sigue igual.
Maria
Nunca tinha "carregado videos no Youtube, se quiserem estão por lá dois de 2007, e os deste ano ...
Se ouvirem alguém aos gritos e suspiros, era a vizinha do lado (cof!cof!))
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