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segunda-feira, 9 de maio de 2011

... Mundo Medonho ...

O mundo é medonho...
Quando vemos uma série, um documentário, com crimes, com acontecimentos macabros...vemos, sem nunca sequer pensar que isso pode vir a bater na porta do vizinho do lado, quanto mais á nossa porta ou á porta dos nossos...
Cansa o mundo cansa, esta coisa utópica que é a vida...
Sábado, depois do trabalho, casa, um duche.
- sabes quem faleceu...?
Visto que o telefone tocou e me dei conta de quem era, disse.
- foi ...
A lena diz.
- sim foi, vê lá que ainda na pascoa tá tão bem e agora.
Eu:
- bem se foi a dormir, foi uma morte santa, pelo menos não sentiu.
Quando dizemos isto ... não o dizemos por maldade, daria eu graças por um dia fechar os olhos durante o sono.
Mas...
Começa o corropio de telefonemas...
A família está incontactável...dois homens, um do outro lado do Atlântico, por assim dizer e outro a estudar na algures Europa.
Duas mulheres ... no Alentejo, com os telemóveis desligados...
Ligam-me para mandar um mail pó outro lado  do mundo... depois o mail  tarda, tenho de instalar o skype, para tentar contacto...até que consigo...com o Estudante...que já sabe. E fico a saber q do outro lado do mundo já o outro homem da casa está em movimentações.
Chegam os dois no mesmo dia...
Local do cenário, dantesco.
Pj, Gnr, bombeiros, carros ... silêncio quase no meio do nada, um local que tinha vida e agora com tanta modernice e novos locais, para quem pode ter uma casa de campo estar ...
De tal forma que me é estranho escrever ou encontar palavras adequadas...
A morte é algo que não consigo encarar, mas quando pensamos em alguém com 82 anos, tudo é possivel...mas pensar que alguém encontra a morte resistindo ao ser assaltado...
O cenário, de acordo com quem viu...era, sangue pela casa, e na casa de banho um corpo caído ao canto de um poliban, sangue a banhar o chão, um rosto desfigurado, um corte, algo que estava espetado nas costas...apanho tudo no ar, e consigo visualizar cada momento, torna-se complicado quando conseguimos fazer "filmes"...
Batemos na face uma realidade nua e crua ... este mundo insano, revoltante...
As mulheres da casa entretanto chegam, uma mostra-se passiva, contida na dor ... a outra desmancha-se e cai por terra.
- digam-me que é mentira. Mas afinal o que aconteceu?
Trespassam sobre mim os gritos, a dor ... alguém que amo, sofre, e a dor é geral, mas aquela magoa-me por demais...
Cunfusão geral...por fim o corpo sai "embrulhado" num pano branto, e confunde-me a naturalidade com que aqueles homens trabalham...
Mais lagrimas, e passividade ...
Um misto de emoções que vivo ... não sei gerir emoções, mas ainda assim consigo sempre gerir, tem de ser...
Por fim e numa primeira ronda, levaram uma bicicleta (uma bicicleta, mata-se por uma bicicleta), um telemóvel (um telemóvel), e á volta de 200 a 300 euros ... mais n se sabe. Mas mata-se por isto?
Mundo medonho, cruel este ... verdade porém é que por muito menos também se mata.
Vem-me há ideia o corredor de hospital, tudo, tudo vai acontecer como há um ano atrás ... de novo uma caixa de pandora que se abre, de novo ver pessoas que quero esquecer, de novo conseguir ser forte ... ainda assim o pensamento que me leva a manter firmeza e frieza, no que está contido na caixa de pandora, deixar as pessoas parcialmente lá metidas no mais recondito dos lugares...é a brutalidade que esta alma sofreu...ver a vida esvair-se perante os seus olhos...a dor que terá passado aquela alma, os últimos pensamentos direccionados a uma filha a uns netos, a um genro...a mulher que partiu há um ano e que está do lado de lá ... não sei, faço o filme de lágrimas nos olhos, porque morrer assim de forma impiedosa, com esta brutalidade, é coisa de filmes. Filmes que muitas vezes prefiro não ver, prefiro tão mais a ilusória criação de mundos cor de rosa ...
Não consigo expressar mais...é uma dor, estranha, nunca se imagina tamanho cenário...
Amanhã, mais uma prova, que de cabeça erguida farei por passar ... não lido bem com a velhice, tão pouco com a morte "incomoda-me", todo o cenário, levamos uma vida de luta, trabalho, de invejas, de amores desamores, de não viver, de não sorrir de premanecer imóvel... no fim para que serviu todo o teatro neste cenário a que chamam vida???

Maria
(das poucas vezes que coloco um texto sem imagens, sem correcção, não quero, foi o que saiu é o que sinto...)

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3 Comentários:

Anonymous Pedra da Lua disse...

Lindona, esta lei é irrevogavel, não podemos lutar contra ela e mais tarde ou mais cedo ela vai roçar-nos o braço, quando mais cedo tentarmos compreendê-la, não digo aceitá-la porque isso parece-me demais para um ser, que se diz, humano. Costumamos celebrar a vida e é nela que temos que nos concentrar, nos que cá ficam eles merecem sim a nossa atenção e "perda de tempo". Já sei que sou diferente, anormal se queiramos, mas, se a vida é um palco, acho a morte um encenação. Porquê? Basta veres o espetaculo cinico que fazem à sua volta... Deixo um beijinho e uma mão estendida, cheia de animo porque estás no palco e não na encenação ;)

9 de maio de 2011 às 22:34  
Blogger Flor de Jasmim disse...

Minha querida amiga
Já perdi o meu pai com 65 anos, perdi minha irmã com 38, meu marido com 43, minha sobrinha com 34, meu neto com 6 mesinhos, minha mãe abandonou-me quando eu tinha 8 anos hoje tenho 54 e ela 84, e não estou preparada para ela partir tenho muito medo também por ela viver só. a mãe do meu falecido marido tem 94 anos e nem quero pensar na dor que vou sentir quando ela partir. Eu não consigo lidar com a morte, muito menos quando a vida é tirada brutalmente.
Abraço apertadinho

9 de maio de 2011 às 23:26  
Anonymous Susana disse...

Minha querida, no dia que escreveste este post, eu comentei, foi um dia triste que te deixam marcas, mas a lei da vida diz-nos que a saudade fica, a revolta torna-se mais pequenina com o passar do tempo e que a própria vida está repelta de sinais que nos levam a ter que olhar em frente... Eu estou aqui... Um beijo
Mana

22 de maio de 2011 às 15:15  

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... Mundo Medonho ...

O mundo é medonho...
Quando vemos uma série, um documentário, com crimes, com acontecimentos macabros...vemos, sem nunca sequer pensar que isso pode vir a bater na porta do vizinho do lado, quanto mais á nossa porta ou á porta dos nossos...
Cansa o mundo cansa, esta coisa utópica que é a vida...
Sábado, depois do trabalho, casa, um duche.
- sabes quem faleceu...?
Visto que o telefone tocou e me dei conta de quem era, disse.
- foi ...
A lena diz.
- sim foi, vê lá que ainda na pascoa tá tão bem e agora.
Eu:
- bem se foi a dormir, foi uma morte santa, pelo menos não sentiu.
Quando dizemos isto ... não o dizemos por maldade, daria eu graças por um dia fechar os olhos durante o sono.
Mas...
Começa o corropio de telefonemas...
A família está incontactável...dois homens, um do outro lado do Atlântico, por assim dizer e outro a estudar na algures Europa.
Duas mulheres ... no Alentejo, com os telemóveis desligados...
Ligam-me para mandar um mail pó outro lado  do mundo... depois o mail  tarda, tenho de instalar o skype, para tentar contacto...até que consigo...com o Estudante...que já sabe. E fico a saber q do outro lado do mundo já o outro homem da casa está em movimentações.
Chegam os dois no mesmo dia...
Local do cenário, dantesco.
Pj, Gnr, bombeiros, carros ... silêncio quase no meio do nada, um local que tinha vida e agora com tanta modernice e novos locais, para quem pode ter uma casa de campo estar ...
De tal forma que me é estranho escrever ou encontar palavras adequadas...
A morte é algo que não consigo encarar, mas quando pensamos em alguém com 82 anos, tudo é possivel...mas pensar que alguém encontra a morte resistindo ao ser assaltado...
O cenário, de acordo com quem viu...era, sangue pela casa, e na casa de banho um corpo caído ao canto de um poliban, sangue a banhar o chão, um rosto desfigurado, um corte, algo que estava espetado nas costas...apanho tudo no ar, e consigo visualizar cada momento, torna-se complicado quando conseguimos fazer "filmes"...
Batemos na face uma realidade nua e crua ... este mundo insano, revoltante...
As mulheres da casa entretanto chegam, uma mostra-se passiva, contida na dor ... a outra desmancha-se e cai por terra.
- digam-me que é mentira. Mas afinal o que aconteceu?
Trespassam sobre mim os gritos, a dor ... alguém que amo, sofre, e a dor é geral, mas aquela magoa-me por demais...
Cunfusão geral...por fim o corpo sai "embrulhado" num pano branto, e confunde-me a naturalidade com que aqueles homens trabalham...
Mais lagrimas, e passividade ...
Um misto de emoções que vivo ... não sei gerir emoções, mas ainda assim consigo sempre gerir, tem de ser...
Por fim e numa primeira ronda, levaram uma bicicleta (uma bicicleta, mata-se por uma bicicleta), um telemóvel (um telemóvel), e á volta de 200 a 300 euros ... mais n se sabe. Mas mata-se por isto?
Mundo medonho, cruel este ... verdade porém é que por muito menos também se mata.
Vem-me há ideia o corredor de hospital, tudo, tudo vai acontecer como há um ano atrás ... de novo uma caixa de pandora que se abre, de novo ver pessoas que quero esquecer, de novo conseguir ser forte ... ainda assim o pensamento que me leva a manter firmeza e frieza, no que está contido na caixa de pandora, deixar as pessoas parcialmente lá metidas no mais recondito dos lugares...é a brutalidade que esta alma sofreu...ver a vida esvair-se perante os seus olhos...a dor que terá passado aquela alma, os últimos pensamentos direccionados a uma filha a uns netos, a um genro...a mulher que partiu há um ano e que está do lado de lá ... não sei, faço o filme de lágrimas nos olhos, porque morrer assim de forma impiedosa, com esta brutalidade, é coisa de filmes. Filmes que muitas vezes prefiro não ver, prefiro tão mais a ilusória criação de mundos cor de rosa ...
Não consigo expressar mais...é uma dor, estranha, nunca se imagina tamanho cenário...
Amanhã, mais uma prova, que de cabeça erguida farei por passar ... não lido bem com a velhice, tão pouco com a morte "incomoda-me", todo o cenário, levamos uma vida de luta, trabalho, de invejas, de amores desamores, de não viver, de não sorrir de premanecer imóvel... no fim para que serviu todo o teatro neste cenário a que chamam vida???

Maria
(das poucas vezes que coloco um texto sem imagens, sem correcção, não quero, foi o que saiu é o que sinto...)

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Lindona, esta lei é irrevogavel, não podemos lutar contra ela e mais tarde ou mais cedo ela vai roçar-nos o braço, quando mais cedo tentarmos compreendê-la, não digo aceitá-la porque isso parece-me demais para um ser, que se diz, humano. Costumamos celebrar a vida e é nela que temos que nos concentrar, nos que cá ficam eles merecem sim a nossa atenção e "perda de tempo". Já sei que sou diferente, anormal se queiramos, mas, se a vida é um palco, acho a morte um encenação. Porquê? Basta veres o espetaculo cinico que fazem à sua volta... Deixo um beijinho e uma mão estendida, cheia de animo porque estás no palco e não na encenação ;)

9 de maio de 2011 às 22:34  
Blogger Flor de Jasmim disse...

Minha querida amiga
Já perdi o meu pai com 65 anos, perdi minha irmã com 38, meu marido com 43, minha sobrinha com 34, meu neto com 6 mesinhos, minha mãe abandonou-me quando eu tinha 8 anos hoje tenho 54 e ela 84, e não estou preparada para ela partir tenho muito medo também por ela viver só. a mãe do meu falecido marido tem 94 anos e nem quero pensar na dor que vou sentir quando ela partir. Eu não consigo lidar com a morte, muito menos quando a vida é tirada brutalmente.
Abraço apertadinho

9 de maio de 2011 às 23:26  
Anonymous Susana disse...

Minha querida, no dia que escreveste este post, eu comentei, foi um dia triste que te deixam marcas, mas a lei da vida diz-nos que a saudade fica, a revolta torna-se mais pequenina com o passar do tempo e que a própria vida está repelta de sinais que nos levam a ter que olhar em frente... Eu estou aqui... Um beijo
Mana

22 de maio de 2011 às 15:15  

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