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sábado, 14 de janeiro de 2012

... Balanço ...



Todos os anos por esta altura começo a fazer mentalmente um balanço do ano que vai chegando ao fim.
Este ano nada é diferente.
Tiro um final de noite para a compra das prendas de natal, das poucas prendas de natal que quero dar. Desta vez dou a quem tenho de dar e a quem tenho gosto em dar, não me vou obrigar a dar porque “fica bem”… adiante.
Por acaso sempre foi algo que fiz com muito gosto, até porque por norma sei como “agradar” a quem tiver de dar uma prenda, sempre foi algo natural, pensar em conversas, na pessoa e associar o gosto da pessoa a algo que possa ser do seu agrado.
Paciência? Nenhuma, a quadra que juntamente com o carnaval, me dava alegria, este ano não me dá. Nem a própria árvore de natal com o presépio de mais de 50 figuras me deu alento.
Aliás nem o presépio fiz, não me apeteceu, simplesmente.
Gáudio?
Não, é melhor não lançar foguetes antes da hora. Não fiz porque eu não quis, não me apeteceu, além de que com tanta peça, já estou a ver o petit a fazer do presépio uma mini aldeia para brincar.
Uma árvore mais pequena, passamos de 1,80 de árvore para 1,50 reduzi também o tamanho da árvore, menos espaço, e menos confusão. Mas a árvore de 1,80 está ali bem guardada e um dia volta ao seu lugar.
Tudo isto para?
Para continuar a escrever…
Passeio-me pelo fórum aqui da santa terrinha, frio nenhum. Gente? Quase nenhuma.
E eu venho a escrever mentalmente na companhia da música com quase tudo comprado.
Por vezes até parece que não sou mulher….sim, ao que parece as mulheres levam muito tempo às compras.
Não me apetece, bato o olho, penso na ou nas pessoas, preço, embrulhar e já está.
E venho eu, palavra a palavra a pensar numa peça Pandora, e “esbarro”, com um dos homens que conheço, que como todos nós comuns mortais tem os seus defeitos, mas que para mim é das pessoas mais inteligentes que conheci até hoje.
Conhece parte da minha vida, bem como conhece os meus irmãos, aliás foi explicador dos meus irmãos e depois foi meu explicador, de Matemática (que detesto), de física e química (que detesto), Latim (que adorava mas perdeu-se pelo caminho), ouvia-o cantar ópera e tocar piano e ficava siderada, feitos e “grandes defeitos”, á parte, alguém que estimo e sempre estimou os meus…conversa para aqui, filhos, irmãos, separações, e mais um “tu sempre gostaste de fotografia” (estou em crer que talvez seja Jesus Cristo a única "alma" a não soubesse disso).
Começo a ouvi-lo e começo a ver a tampa da minha caixa de Pandora abrir-se…nomes, de gente que já não diz nada a este lado. Ele que chegou a andar comigo ao colo, que conheceu por dentro a minha casa, lança uma frase que me ajuda a chegar a onde eu tinha pensado chegar antes de o encontrar “eu lembro-me de viver tudo isso…”, e eu lanço um “estou farta M.P, foram muitos anos”, ao que me responde “é verdade sempre foste vista assim…”
E tudo isto para?
TOU FARTA!
Ouço o eco da minha própria voz “…vou fazer 40 anos não tarda muito, chega…”
E chega…
Já tinha tomado esta decisão, e esta pequena conversa leva-me a mais uma vez reafirmar, o que cá ia dentro.
Pego na minha caixa de Pandora, e coloco cada peça no seu sítio, fecho gaveta a gaveta, e dou paz àqueles que vivem atormentados pela minha pessoa. Vamos experimentar inverter os papeis, eles não me incomodam (e se incomodarem novamente, são como meras peças de um xadrez de vida feita num passado lá longe, não são presente, nem futuro), se os incomodo, paciência.
Renego á minha tão famosa caixa de Pandora.
Olho este ano como o ANO, desde o nascimento do meu filho este foi o ANO, de todos os avanços, recuos, de todos os medos, de todas as desilusões, ilusões, perdas, ganhos, de desconfiar a confiar, de não amar a voltar a amar, de chorar e sorrir, de me odiar de me amar.
Se eu pudesse escrever tudo, não conseguiria, porque pela primeira vez desde que me conheço não consigo definir, apenas olhar e ver, que sofri, perdi…mas acima de tudo Ganhei.
Gaudio da minha parte…não, de modo algum, quando digo que ganhei, ganhei-me a mim.
E ganhei-me a mim da forma mais estranha possível, levantei-me a custo, mas levantei-me. Foi-me dada uma mão que aceitei, á qual se juntaram mais duas.
O ser em quem sempre mais desconfiei, a quem mais dei, de quem sempre tive “medo”, e olhei de lado, foi o ser que me ajudou mais o “Homem”.
Ridícula criatura esta, e tão mas tão igual a si própria, escrevo ao som dos quatro magníficos, e sinto uma vontade de chorar de felicidade e nostalgia … olho para trás e não consigo entender como durante tanto tempo deixei que fizessem de mim o que fui … e o que por vezes sou.
Apesar de tudo isso hoje olho-me tão mas tão diferente, apesar de tão igual…apetece-me viver, apetece-me conquistar os meus sonhos, andar em frente, apetece-me não estar só, apetece-me pensar que sim é possível alguém olhar-me, mesmo quando eu não me olhar, alguém ver que tenho valor, quando sempre o que me quiseram incutir que simplesmente não presto, o que faço não tem valor, por isso estar deste lado é sempre mais fácil.
Porque me era incutido que era sempre menos do que os demais.
Recuso que assim seja, a vida é feita aqui mas não só aqui, é lá fora que o sol brilha, que a chuva cai, que as nuvens formam castelos, é lá fora que está o Mar, ainda que seja aqui dentro onde navego que ele habita…em Mim.
Era não era?
Era…já foi.
O balanço do meu ano de 2011 não pode ser feito, porque a “vida começou” em 2011, e vai ser em 2012 que ela vai continuar a ser construída, o meu ano, este ano, não pode ser definido num só ano, 12 meses não chegam para tudo o que passou, e o que ainda está para vir, bom e claro, mau…
Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?
O sonho, os sonhos são feitos tal como o destino, no dia a dia, custa?
Custa por vezes custa o tempo, ver que passa e tudo vai apenas decorrendo…mas eu já esperei tanto, por nada, por isso nada como procurar paciência e calma…hoje quase faz um ano em que me abriram uma “janela”, desenho paredes, vou criando o sonho, o meu.
Alinho as linhas e alinhas, que fui aqui deixando ao longo dos anos. Tudo alinhado e registado como deve ser, textos meus, criados e registados em meu nome, é assim que tem de ser, é assim que a obra surge.
Continuo a manter as minhas reticências perante o “homem”… mas, eu, logo eu viver com o coração vazio…eu pensei que era capaz, na frieza de momentos, penso que sou capaz, mas quero ser bem mais capaz de acreditar que sim é possível amar, respeitar, aceitar, e sobretudo confiar em alguém que nos dá o que recebe…amor.
Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?
E agora aqueles que me conhecem sabem onde é que eu gostaria de estar…onde?
Tal e qual, lá mesmo … com vista para a minha ilha, a segredar ao Mar que sim o continuo a amar, porque sim, enquanto eu acreditar eu jamais deixarei de lutar, e um dia o Sol vai brilhar.

Maria

Beijo n´oteudoceolhar.

(Dezembro de 2011)
(Um obrigado/a pelas mensagens, pelos gestos, por simplesmente estarem aí...fica a promessa de que aos poucos voltarei...
A pulseira tem o Sol. A pulseira foi comprada em Outubro 2011, o Sol já o tenho desde o ano passado, estava junto a outras peças...mas hoje faz sentido o Sol estar assim a sorrir, e aquecer o meu olhar...A música. Bem a música, andava eu à procura de inspiração nas músicas do Gabriel Yared, saltei para a Laura Paussini "One more time", e eis que a cor apelativa chama por mim, não conhecia a música, agora ouço-a e faz todo o sentido ser esta música a ilustrar o meu "rabisco". A todos voçês que fazem parte d´oteudoceolhar, fazem parte do meu mundo das palavras um bom ano).






8 Comentários:

Blogger PauloSilva disse...

«Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?» Uma pergunta que não requer respostas, só pensamentos. Há sempre tanto para assimilar nestes seus textos que não sei se me deva intrometer, são tão pessoais, tão próprios, algo que eu não costumo comentar sem conhecer. Um ano é apenas mais uma etapa, mais virão e assim mais passos. Força? Temos, só a temos que redescobrir varias vezes para sabermos utiliza-la.

Um grande abraço.
(E sim, é a Praia de São Torpes na fotografia... Bem reconhecível neste mar tão nosso)

14 de janeiro de 2012 às 13:16  
Blogger Flor de Jasmim disse...

Maria minha querida
Perante este texto que li e reli sinto-me feliz por ti, fazer o que temos vontade nada existe que possa sobrepor-se a tal fascinio.

Feliz Ano novo tudo de bom minha querida.

Beijinho e uma flor

14 de janeiro de 2012 às 22:08  
Blogger Nadine Pinto | Fotografia disse...

Me gusta Maria. E assim cheia de estaleca, ainda mais.
Beijocas

16 de janeiro de 2012 às 17:24  
Anonymous oteudoceolhar disse...

Pensador,

se conseguires assimilar alguma coisa com o que escrevo, se assimilares e retirares alguma coisa que te faça sentir melhor, que te ajude a pensar, criar, recriar ...um ser, um estar, um dar e receber ao teu semelhante ou a ti...Fico feliz. Acredita que fico. Nas ilusões e desilusões temos obrigatoriamente que aprender, por nós e com aqueles que estão por nós. E aqui estamos nós nas palavras e isso é o bastante. Igual só mesmo o Amor por esse Mar tão nosso.


Beijo n´oteudoceolhar.

16 de janeiro de 2012 às 18:17  
Anonymous oteudoceolhar disse...

Minha Flor, no seu todo que é a vida, temos de por vezes que caminhar por muito "ensanguentados" que estejamos. Não teria beleza alguma uma rosa que não nos pica-se, não seria o mesmo. Também podemos dar o nome de vida. E essa também me corre nas veias. Obrigada minha flor, por teres estado aí ao longo deste tempo...é importante. Beijo n´oteudoceolhar, votos de um excelente ano para Ti e todos os que te são queridos.

16 de janeiro de 2012 às 18:21  
Blogger oteudoceolhar disse...

Lacorrilha,

a mi me gustas Tu, lo sabes!
Tudo o resto para trás das costas e siga a dança, que daqui a Coimbra ainda vão uns quantos quilómetros.

Beijo n´oteudoceolhar.

16 de janeiro de 2012 às 18:24  
Blogger Nilson Barcelli disse...

Não vou comentar o conteudo do teu texto, dado que se trata da tua vida e, penso eu, não devo dar palpites.
Ainda assim, comentando apenas o teu gesto, acho que foi um acto de coragem teres "deitado cá para fora" tudo o que escreveste. Que penso ter sido positivo para ti, pois enfrentaste vàrias das tuas preocupações e, talvez por isso, terás ficado pronta para enfrentar os espinhos da vida (porque há coisas que decidimos apenas no acto da reflexão, que neste teu caso terá sido a própria escrita a consolidar).
Querida amiga, vai em frente. Mais vale uma decisão menos boa do que uma não decisão...
Beijos.

19 de janeiro de 2012 às 23:32  
Blogger oteudoceolhar disse...

Nilson,

a escrita, a minha, a única que conheço, como sendo algo muito meu, ainda que na sua simplicidade, não só me alimenta, como me liberta.

Simples.
Por vezes não entendida, por vezes não valorizada, por vezes até a mim são "facadas", quando me leio. Porque nelas está o sentir, o viver, o Eu.

Eu vou em frente, contorno os caminhos que tiver de contornar, mas vou.

"Mais vale uma decisão menos boa do que uma não decisão..."

Nem mais.. é uma questão de viver, um dia de cada vez, mas viver.

Beijo n´oteudoceolhar.

20 de janeiro de 2012 às 20:40  

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sábado, 14 de janeiro de 2012

... Balanço ...



Todos os anos por esta altura começo a fazer mentalmente um balanço do ano que vai chegando ao fim.
Este ano nada é diferente.
Tiro um final de noite para a compra das prendas de natal, das poucas prendas de natal que quero dar. Desta vez dou a quem tenho de dar e a quem tenho gosto em dar, não me vou obrigar a dar porque “fica bem”… adiante.
Por acaso sempre foi algo que fiz com muito gosto, até porque por norma sei como “agradar” a quem tiver de dar uma prenda, sempre foi algo natural, pensar em conversas, na pessoa e associar o gosto da pessoa a algo que possa ser do seu agrado.
Paciência? Nenhuma, a quadra que juntamente com o carnaval, me dava alegria, este ano não me dá. Nem a própria árvore de natal com o presépio de mais de 50 figuras me deu alento.
Aliás nem o presépio fiz, não me apeteceu, simplesmente.
Gáudio?
Não, é melhor não lançar foguetes antes da hora. Não fiz porque eu não quis, não me apeteceu, além de que com tanta peça, já estou a ver o petit a fazer do presépio uma mini aldeia para brincar.
Uma árvore mais pequena, passamos de 1,80 de árvore para 1,50 reduzi também o tamanho da árvore, menos espaço, e menos confusão. Mas a árvore de 1,80 está ali bem guardada e um dia volta ao seu lugar.
Tudo isto para?
Para continuar a escrever…
Passeio-me pelo fórum aqui da santa terrinha, frio nenhum. Gente? Quase nenhuma.
E eu venho a escrever mentalmente na companhia da música com quase tudo comprado.
Por vezes até parece que não sou mulher….sim, ao que parece as mulheres levam muito tempo às compras.
Não me apetece, bato o olho, penso na ou nas pessoas, preço, embrulhar e já está.
E venho eu, palavra a palavra a pensar numa peça Pandora, e “esbarro”, com um dos homens que conheço, que como todos nós comuns mortais tem os seus defeitos, mas que para mim é das pessoas mais inteligentes que conheci até hoje.
Conhece parte da minha vida, bem como conhece os meus irmãos, aliás foi explicador dos meus irmãos e depois foi meu explicador, de Matemática (que detesto), de física e química (que detesto), Latim (que adorava mas perdeu-se pelo caminho), ouvia-o cantar ópera e tocar piano e ficava siderada, feitos e “grandes defeitos”, á parte, alguém que estimo e sempre estimou os meus…conversa para aqui, filhos, irmãos, separações, e mais um “tu sempre gostaste de fotografia” (estou em crer que talvez seja Jesus Cristo a única "alma" a não soubesse disso).
Começo a ouvi-lo e começo a ver a tampa da minha caixa de Pandora abrir-se…nomes, de gente que já não diz nada a este lado. Ele que chegou a andar comigo ao colo, que conheceu por dentro a minha casa, lança uma frase que me ajuda a chegar a onde eu tinha pensado chegar antes de o encontrar “eu lembro-me de viver tudo isso…”, e eu lanço um “estou farta M.P, foram muitos anos”, ao que me responde “é verdade sempre foste vista assim…”
E tudo isto para?
TOU FARTA!
Ouço o eco da minha própria voz “…vou fazer 40 anos não tarda muito, chega…”
E chega…
Já tinha tomado esta decisão, e esta pequena conversa leva-me a mais uma vez reafirmar, o que cá ia dentro.
Pego na minha caixa de Pandora, e coloco cada peça no seu sítio, fecho gaveta a gaveta, e dou paz àqueles que vivem atormentados pela minha pessoa. Vamos experimentar inverter os papeis, eles não me incomodam (e se incomodarem novamente, são como meras peças de um xadrez de vida feita num passado lá longe, não são presente, nem futuro), se os incomodo, paciência.
Renego á minha tão famosa caixa de Pandora.
Olho este ano como o ANO, desde o nascimento do meu filho este foi o ANO, de todos os avanços, recuos, de todos os medos, de todas as desilusões, ilusões, perdas, ganhos, de desconfiar a confiar, de não amar a voltar a amar, de chorar e sorrir, de me odiar de me amar.
Se eu pudesse escrever tudo, não conseguiria, porque pela primeira vez desde que me conheço não consigo definir, apenas olhar e ver, que sofri, perdi…mas acima de tudo Ganhei.
Gaudio da minha parte…não, de modo algum, quando digo que ganhei, ganhei-me a mim.
E ganhei-me a mim da forma mais estranha possível, levantei-me a custo, mas levantei-me. Foi-me dada uma mão que aceitei, á qual se juntaram mais duas.
O ser em quem sempre mais desconfiei, a quem mais dei, de quem sempre tive “medo”, e olhei de lado, foi o ser que me ajudou mais o “Homem”.
Ridícula criatura esta, e tão mas tão igual a si própria, escrevo ao som dos quatro magníficos, e sinto uma vontade de chorar de felicidade e nostalgia … olho para trás e não consigo entender como durante tanto tempo deixei que fizessem de mim o que fui … e o que por vezes sou.
Apesar de tudo isso hoje olho-me tão mas tão diferente, apesar de tão igual…apetece-me viver, apetece-me conquistar os meus sonhos, andar em frente, apetece-me não estar só, apetece-me pensar que sim é possível alguém olhar-me, mesmo quando eu não me olhar, alguém ver que tenho valor, quando sempre o que me quiseram incutir que simplesmente não presto, o que faço não tem valor, por isso estar deste lado é sempre mais fácil.
Porque me era incutido que era sempre menos do que os demais.
Recuso que assim seja, a vida é feita aqui mas não só aqui, é lá fora que o sol brilha, que a chuva cai, que as nuvens formam castelos, é lá fora que está o Mar, ainda que seja aqui dentro onde navego que ele habita…em Mim.
Era não era?
Era…já foi.
O balanço do meu ano de 2011 não pode ser feito, porque a “vida começou” em 2011, e vai ser em 2012 que ela vai continuar a ser construída, o meu ano, este ano, não pode ser definido num só ano, 12 meses não chegam para tudo o que passou, e o que ainda está para vir, bom e claro, mau…
Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?
O sonho, os sonhos são feitos tal como o destino, no dia a dia, custa?
Custa por vezes custa o tempo, ver que passa e tudo vai apenas decorrendo…mas eu já esperei tanto, por nada, por isso nada como procurar paciência e calma…hoje quase faz um ano em que me abriram uma “janela”, desenho paredes, vou criando o sonho, o meu.
Alinho as linhas e alinhas, que fui aqui deixando ao longo dos anos. Tudo alinhado e registado como deve ser, textos meus, criados e registados em meu nome, é assim que tem de ser, é assim que a obra surge.
Continuo a manter as minhas reticências perante o “homem”… mas, eu, logo eu viver com o coração vazio…eu pensei que era capaz, na frieza de momentos, penso que sou capaz, mas quero ser bem mais capaz de acreditar que sim é possível amar, respeitar, aceitar, e sobretudo confiar em alguém que nos dá o que recebe…amor.
Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?
E agora aqueles que me conhecem sabem onde é que eu gostaria de estar…onde?
Tal e qual, lá mesmo … com vista para a minha ilha, a segredar ao Mar que sim o continuo a amar, porque sim, enquanto eu acreditar eu jamais deixarei de lutar, e um dia o Sol vai brilhar.

Maria

Beijo n´oteudoceolhar.

(Dezembro de 2011)
(Um obrigado/a pelas mensagens, pelos gestos, por simplesmente estarem aí...fica a promessa de que aos poucos voltarei...
A pulseira tem o Sol. A pulseira foi comprada em Outubro 2011, o Sol já o tenho desde o ano passado, estava junto a outras peças...mas hoje faz sentido o Sol estar assim a sorrir, e aquecer o meu olhar...A música. Bem a música, andava eu à procura de inspiração nas músicas do Gabriel Yared, saltei para a Laura Paussini "One more time", e eis que a cor apelativa chama por mim, não conhecia a música, agora ouço-a e faz todo o sentido ser esta música a ilustrar o meu "rabisco". A todos voçês que fazem parte d´oteudoceolhar, fazem parte do meu mundo das palavras um bom ano).






8 Comentários:

Blogger PauloSilva disse...

«Que beleza teria uma rosa sem os seus espinhos?» Uma pergunta que não requer respostas, só pensamentos. Há sempre tanto para assimilar nestes seus textos que não sei se me deva intrometer, são tão pessoais, tão próprios, algo que eu não costumo comentar sem conhecer. Um ano é apenas mais uma etapa, mais virão e assim mais passos. Força? Temos, só a temos que redescobrir varias vezes para sabermos utiliza-la.

Um grande abraço.
(E sim, é a Praia de São Torpes na fotografia... Bem reconhecível neste mar tão nosso)

14 de janeiro de 2012 às 13:16  
Blogger Flor de Jasmim disse...

Maria minha querida
Perante este texto que li e reli sinto-me feliz por ti, fazer o que temos vontade nada existe que possa sobrepor-se a tal fascinio.

Feliz Ano novo tudo de bom minha querida.

Beijinho e uma flor

14 de janeiro de 2012 às 22:08  
Blogger Nadine Pinto | Fotografia disse...

Me gusta Maria. E assim cheia de estaleca, ainda mais.
Beijocas

16 de janeiro de 2012 às 17:24  
Anonymous oteudoceolhar disse...

Pensador,

se conseguires assimilar alguma coisa com o que escrevo, se assimilares e retirares alguma coisa que te faça sentir melhor, que te ajude a pensar, criar, recriar ...um ser, um estar, um dar e receber ao teu semelhante ou a ti...Fico feliz. Acredita que fico. Nas ilusões e desilusões temos obrigatoriamente que aprender, por nós e com aqueles que estão por nós. E aqui estamos nós nas palavras e isso é o bastante. Igual só mesmo o Amor por esse Mar tão nosso.


Beijo n´oteudoceolhar.

16 de janeiro de 2012 às 18:17  
Anonymous oteudoceolhar disse...

Minha Flor, no seu todo que é a vida, temos de por vezes que caminhar por muito "ensanguentados" que estejamos. Não teria beleza alguma uma rosa que não nos pica-se, não seria o mesmo. Também podemos dar o nome de vida. E essa também me corre nas veias. Obrigada minha flor, por teres estado aí ao longo deste tempo...é importante. Beijo n´oteudoceolhar, votos de um excelente ano para Ti e todos os que te são queridos.

16 de janeiro de 2012 às 18:21  
Blogger oteudoceolhar disse...

Lacorrilha,

a mi me gustas Tu, lo sabes!
Tudo o resto para trás das costas e siga a dança, que daqui a Coimbra ainda vão uns quantos quilómetros.

Beijo n´oteudoceolhar.

16 de janeiro de 2012 às 18:24  
Blogger Nilson Barcelli disse...

Não vou comentar o conteudo do teu texto, dado que se trata da tua vida e, penso eu, não devo dar palpites.
Ainda assim, comentando apenas o teu gesto, acho que foi um acto de coragem teres "deitado cá para fora" tudo o que escreveste. Que penso ter sido positivo para ti, pois enfrentaste vàrias das tuas preocupações e, talvez por isso, terás ficado pronta para enfrentar os espinhos da vida (porque há coisas que decidimos apenas no acto da reflexão, que neste teu caso terá sido a própria escrita a consolidar).
Querida amiga, vai em frente. Mais vale uma decisão menos boa do que uma não decisão...
Beijos.

19 de janeiro de 2012 às 23:32  
Blogger oteudoceolhar disse...

Nilson,

a escrita, a minha, a única que conheço, como sendo algo muito meu, ainda que na sua simplicidade, não só me alimenta, como me liberta.

Simples.
Por vezes não entendida, por vezes não valorizada, por vezes até a mim são "facadas", quando me leio. Porque nelas está o sentir, o viver, o Eu.

Eu vou em frente, contorno os caminhos que tiver de contornar, mas vou.

"Mais vale uma decisão menos boa do que uma não decisão..."

Nem mais.. é uma questão de viver, um dia de cada vez, mas viver.

Beijo n´oteudoceolhar.

20 de janeiro de 2012 às 20:40  

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