Nome : Maria
Idade: Já fiz 40 anos
Signo: Caranguejo
Cor: Azul
Adoro: O brilho de um Olhar. O mar pela paz que me transmite. Fotografia pelos momentos que registo. Os poucos e bons amigos. A sensualidade das palavras. Escrever...quando a inspiração me assiste. Acreditar mesmo nos momentos de fragilidade que é possível...
Detesto: A dor o rolar de uma lagrima. Injustiça, mentira e a falsidade
o sabor agri-doce que chegou até mim, vindo de outro mundo.
Outro mundo do qual não faço parte...Farei?
Perco-me, simplesmente.
O teu mundo que cruzei, sobre olhares,
e para onde quer que olhasse tudo ali eras Tu.
Naquele dia a tua voz chegou até mim,
porque simplesmente não fazia sentido que assim não fosse.
Precisava ouvir-te, precisava dizer o teu nome.
E eu vou saindo sem rumo, e eu penso,
sem pensar no porquê da tua voz chegar até mim assim.
Não te consigo encarrar, "perdoa"
a falta de coragem a falta de acção ou reacção.
Um dia questionei o teu "atrevimento"
em teres a coragem e ousadia de me enfrentares num olhar.
Tiveste!
E hoje questiono-me como não sou eu capaz de chegar a ti.
Perdi-me, creio que me perdi.
Acredito que sim que me perdi pelo caminho,
por isso mais simples será mesmo "partir", sem rumo,
levando o horizonte na mente, e o eco da tua voz, e o brilho do teu olhar.
E levo tudo junto, junto um sorriso doce, de uma voz que se quer tal como é ... meiga".
“ Era algo que se podia evitar, mas, por vezes não me é
possível.
Praia? Não, não ligo minimamente a praia, mas (e como em
tudo na vida há sempre um mas), porque não, acompanha-la, na verdade nem é
muito complicado, não é mulher que seja muito difícil de “aturar”, até porque
praia é sinónimo de “praia com pouca gente, para estar á vontade ouviste?”.
E eu fazendo ouvidos de mercador lanço apenas um “Ok!”.
Quem me manda a mim, ir nestas coisas?
Um livro, uma cadeira e uma imensidão de água pela frente
(bem antes água a uma imensidão de gente).
Algo que também se torna fácil
vivendo longe da confusão tem os seus quês e os seus porquês. Nem tudo é mau, e
afinal de contas do longe se faz perto.
Eu mantenho-me na minha paz e sossego, companhia de um
livro e a companhia de uma mulher…a minha.
Verdade por vezes até podia querer que no meio de tanta
coisa a companhia desejada fosse outra…mas (outro mas).
E porque não óculos de sol?
O sol está quente, a água apesar de tudo apetecível, olho
para ela e sinto vontade de me refrescar. Penso duas vezes e sou levado a pensar mais outras duas.
Fico atónico, não sei penso “é do calor só pode”, uma
visão que se torna numa visão única e por momentos divago.
Estava, estava simplesmente deslumbrante…atribuo culpas
ao calor, e ao ser o primeiro dia de praia com ela.
Deixei-me estar apenas e só a contempla-la. Gestos calmos
de quem usufrui do momento da paisagem daquilo que para si é sinónimo de
prazer.
Olho-a enfeitiçado pela forma como se move, como se deita
ao sol…olho o corpo molhado, como se um sinal de pecado se tratasse…olho-a
molhada. Pequenas gotas deslizam sobre
os seus seios.
Corpo dourado, corpo, corpo…palavras de emoções e sensações
que emergem agora de meu corpo.
Mas quem me manda a mim ficar como espectador de um
espectáculo que á partida não era meu?
Firme volto às palavras do meu livro, deixo rolarem pela
mente sem que façam quaisquer sentido.
Sem me dar conta volto a contemplar…gestos de quem passa
óleo num corpo que continua a saber-me bem olhar…está dourado, e vem-me à mente
o sabor do sal o cheiro da
maresia…suspiro, deixo cair o livro na areia, e levanto-me direitinho ao mar,
direitinho á água.
- onde vais?
- já venho….
Vou, vou lavar a alma para ver se tudo aquilo que por lá
anda a navegar se vai com a água fria do mar.
Resultado? Fria a água quente a mente e o corpo.
Já diz o ditado “há razões, que a própria razão desconhece…”
É desta.
Sair da água contemplar o “objecto” de desejo e
“fazer-me” a terra.
Olho-a novamente já seca.
- Anda!
- O quê?
- Anda, veste-te.
- Estás doido? Ainda não há duas horas que aqui estamos,
no foi isto que combinamos.
- Vá anda, e por uma vez que seja faz o que te digo, e
não vale a pena fazeres mais perguntas que eu não respondo.
Não vale a pena dizer que não me falou durante o trajecto
até casa.
Abro a porta do carro e peço-lhe para sair, reticente
acaba por aceder ao meu pedido.
Pé ante pé de forma descompassada, tal e qual uma criança
que amuou por não ter aquele brinquedo tão desejado.
Sobe, atravessa a porta.
Sem tempo para respirar tomo-a nos meus braços
rodopiando, pelo hall, pela sala, descompassados como antes a tinha visto a ela,
agora éramos os dois.
Que importa no momento qual o compasso?
Já tinha sido mais do que suficiente o compasso de
espera, desde que a vi sair de dentro de água, desde que imaginei o sabor de
cada gota, do toque naquela pele dourada de um sol que teimava a queimar.
Aposto que não queimava mais do que o desejo que eu
sentia.
Acabou-se, o momento era meu, e seria nosso.
De rompante
larga-me e com um ar assustado diz.
- O que se passa?
- Tudo e nada.
Respondi tomando-a de novo nos meus braços, sabia sem
sombra de dúvida a sal, cheirava à maresia tendo a pele ainda quente, suave
como uma qualquer pétala de rosa…suave, suave e minha.
Um momento, apenas um instante para fechar os olhos e
saborear o momento.
Olhava-me incrédula, olhava-me em sinal de espera, em sinal
de quem aguarda alcançar, algo que não sabe muito bem o quê.
O momento, o momento...aquele em que a deito no chão,
aquele em que deposito os meus lábios sedentos na sua boca trémula, o momento
em que deposito todo o meu ser naquele corpo também ele trémulo.